A minha anarco-rafeira, que foi
apanhada na rua, já tem 15 anos. Quem a conhece sabe bem como aquela vira-latas
conseguia, durante os anos de juventude, transformar tudo à volta num alvoroço:
andava sempre a 200 à hora e arrebitava cachimbo para todo o lado. Insubmissa,
desobediente, cómica, porque pequena, era um terror próximo do desenho animado.
Agora, já não é assim. Velhinha e com o pêlo branco, passa os dias deitada. Já
não consegue subir bem para a cama, volta e meia cai nas escadas e fica à
espera que a vamos buscar. No outro dia, nem reagiu quando levámos a Nico, a
gata da minha prima, lá para casa. Apesar de agora na velhice ter, pelos vistos, aprendido
a aceitar mais, a ladrar e a rosnar menos, posso dizer que nunca conheci uma
cadela tão punk como a minha. E,
claro, nunca me lembrei que ela fosse envelhecer.
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