sexta-feira, 24 de maio de 2013

Pontes

 
Tenho uma tara por pontes. E já que estamos em modo de confissões, também tenho um fraquinho por aeroportos, gosto de ver o avião na pista; por estações de comboios, gosto de comboios velhos e de estações pequenas; e por metros, gosto de ir sentada, frente a frente com as pessoas. Mas as pontes. As pontes – têm de ter uma certa escala – só existem nas cidades e nos filmes. E nas fotografias. Existem de uma forma visual, com um grande corpo, e tenho muita pena de não saber mostrá-las num texto. Não se sente nada se disser que só gosto mesmo de conduzir se estiver a atravessar uma ponte. Tem de ser grande, tem de me parecer enorme, vista de baixo, vista de cima, vista dos lados. Mesmo que acrescente luz ao texto, mesmo que diga que está sol quando atravesso a ponte de carro, não chega para falar dela. Paciência. Mas continuo a gostar muito de passear perto de uma ponte, de ver uma da janela. Uma ponte muda tudo na paisagem. Põe a paisagem em movimento. A mim, põe-me em movimento também. Deve ser por isso que gosto delas, de estações de comboio antigas, de aviões na pista e de me sentar no banco do metro.

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