No dia 28 de Junho, vou
lançar o meu primeiro livro, com a história que venceu o Prémio Branquinho da
Fonseca, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo Jornal Expresso.
Chama-se O Gatuno e o Extraterrestre Trombudo e foi uma brincadeira que nasceu
numa sala do Chiado, durante um workshop
que fiz com o David Machado sobre como escrever um livro infantil.
Tínhamos de levar uma
ideia para as sessões e eu cheguei com uma tão disparatada como um gato que
acredita que o aspirador que os donos compraram lá para casa é um
extraterrestre.
Inspirei-me
descaradamente no meu gato preto, o Fellini, que é trapalhão, curioso,
desastrado, cómico, meigo, assustadiço, e pouco esperto. A Lolita, a minha
gatinha branca, nunca me poderia ter inspirado tal absurdo. Redondinha e com orelhas
cor-de-rosa, é uma elegância nos modos. A Piruças, a minha cadela, é uma
anarco-rafeira da qual se deve manter alguma distância de segurança. É uma
vira-latas desconfiada e imprevisível, como se costuma dizer que são os gatos.
O Gatuno, o nome do
gato na história, é portanto o Fellini dos pés à cabeça (ou do focinho às patas,
em bom rigor). É uma espécie de alter ego. A única diferença é que o Gatuno é
branco, mas isso foi apenas um recurso (e pouco sofisticado) para esconder
elementos autobiográficos.
Pois bem, o Gatuno vai
ganhar vida própria já a partir do dia 28, com o lançamento do livro na
Gulbenkian. É editado pela Dinalivro e as ilustrações são do Paulo Galindro. Já
as vi e o Gatuno, acreditem, está mais pateta do que nunca.
Estou feliz com o meu
primeiro livro. Gosto do texto, das ilustrações. Gosto do Gatuno como do
Fellini, e dos meus bichos todos. Estou feliz por os meus animais terem dado origem
ao meu primeiro livro. Juntaram-se duas coisas que tornam a minha vida maior:
os livros e a bicharada.
Apesar de adorar o
Gatuno, estou morta por vê-lo caminhar pelas suas próprias patas. Gosto de
imaginá-lo a entrar por outras casas adentro, e fazer rir as pessoas. O raio do
gato está todo contente por se ir embora deste apartamento, deste computador. Tem
agora uma morada nova, uma casa ambulante como é um livro.
O Gatuno vai deixar,
assim, de ser meu, e de outras pessoas que o acarinharam antes e durante este
processo. Ainda bem. Já o estou a ver a sair todo vaidoso das páginas do seu
novo livro, para surpreender e divertir os leitores. Conheço-o. Acreditem que
vai empenhar-se de todas as formas e feitios para dar corpo à história de que é
protagonista. De cada vez que os mais pequenos, e os maiores também, a lerem,
vai dar o seu melhor. Espero que o acolham de braços abertos: é um gato cheio
de coração, apesar de fazer muitas maldades.
Bem-vindo ao mundo,
cabeça-de-noz!